Ontem, 15:44:13
Diretor Adjunto de Assuntos da Área Federal e idealizador da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB), Hélio de Mello, morreu nesta terça-feira (5), aos 90 anos de idade, no hospital Incor, em São Paulo.
Presidente
da CSPB, João Domingos Gomes dos Santos, decretou 7 de dias de luto
oficial em homenagem e respeito ao grande líder sindical cuja história
se confunde com a Confederação.
“Uma página da CSPB acaba de ser virada, e, talvez, a mais importante página da história da entidade. O Hélio de Mello foi, na verdade, o grande idealizador da nossa entidade. Na qualidade de militante da União Nacional dos Servidores Públicos Civis do Brasil (UNSP), ele começou em 1951 o projeto de dar algum tipo de estrutura e organicidade às reivindicações dos servidores públicos. Foi aí que ele, como dirigente da UNSP, procurou as grandes entidades nacionais que existiam na ocasião como a própria UNSP; a União dos Previdenciários do Brasil (UPB) e a Associação dos Ferroviários do Brasil. Essas três entidades, que eram as maiores associações de servidores federais na época, começaram a articular uma espécie de ambiente comum dos servidores públicos brasileiros para discutir, organizar e dar um mínimo de estrutura às suas reivindicações. Essa, na verdade, foi uma ideia do nosso estimado Hélio de Mello e de onde surgiu o DNA para construção e consolidação da CSPB ”, relembra. O sindicalista, enquanto militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), popularmente conhecido como “Partidão”, já tinha a antevisão da importância da organização dos trabalhadores para a finalidade de estender seus direitos. “Na época, os servidores públicos sequer eram percebidos e nem se percebiam como trabalhadores. No período, o modelo de gestão do estado seguia o modelo patrimonial. Modelo este, onde o servidor público se confundia com o próprio patrimônio estatal e, portanto, era um modelo muito clientelista”, destaca João Domingos. A relação clientelista com os governantes da época distanciava os trabalhadores do serviço público até mesmo da palavra “luta de classes”. “A palavra luta de classes no setor público era coisa de comunista e, portanto, na visão equivocada que se replicava na época, coisa de pessoas que não queriam o bem do Brasil”. “ Foi através do brilhantismo ideológico e o afinco com que ele, Hélio de Mello, encarou essa missão que permitiu o surgimento, em 1958, da CSPB. “Desde então, o idealizador dessa entidade se tornou o guardião dos princípios da nossa Confederação”, relatou João Domingos. O presidente da CSPB disse que, no decorrer dos mais de 50 anos da entidade, a CSPB passou por muitas fases, muitas tribulações e chegou à beira da extinção durante a longa noite da ditadura, por exemplo. Anos de chumbo Durante a ditadura militar no Brasil (1964/1985), alguns dirigentes, diante da quase eminente extinção da entidade, chegaram a acenar uma acomodação junto ao estado ditador. “Pessoas como Hélio de Mello, e com o Hélio de Mello à frente, não permitiram nenhum pacto com o regime ditador. Então a CSPB, mesmo acabando como estrutura, permaneceu viva como ideia, com seus parâmetros progressistas de chama renovadora e revolucionária de organização dos servidores públicos”, enfatiza João Domingos. No cronograma histórico da entidade, veio a redemocratização, veio a fase sindical da CSPB que, mais uma vez, começou do zero. “Sempre Hélio de Mello à frente”, afirmou. O presidente da CSPB lembrou que antes da promulgação da Constituição de 1988, os servidores públicos não podiam se organizar em sindicatos. “neste período, a CSPB era uma entidade que reunia grandes associações. Após a Constituição atual nós reformamos nosso estatuto e nos identificamos como entidade sindical. Mas fizemos isso sem obter o cuidado básico de observar que nós só tínhamos como filiados as associações. Essas associações eram entidades muito grandes, fortes, muito bem estruturadas e com grande influência política, mas eram associações. Daí a CSPB ficou diante de uma importante decisão: tornar-se entidade sindical? Ou permanecer com as suas filiadas tradicionais que, àquela época, eram todas refratárias à ideia de se tornarem entidades sindicais? Foi numa reunião memorável, em 1992, em que a CSPB, forjada na luta pela transformação social, pela melhoria das condições de vida da sociedade como um todo e não apenas corporativamente para os servidores públicos, que tomou a decisão dramática de desligar as associadas e se tornar uma entidade sindical. Essa ruptura surgiu após quase uma semana de reuniões que, inicialmente, contra tudo e contra todos, eu e o Hélio de Mello fomos pacientemente convencendo os demais da importância de construir essa nova entidade sindical”, relembrou. Legado no movimento sindical João Domingos não poupou elogios ou saudoso companheiro e afirmou: “Hélio foi meu líder, meu guia, minha referência no movimento sindical. Sempre fiz questão de frisar isso. É por esse motivo que estou seguro em afirmar que a mais importante página da história da CSPB está sendo virada nesse momento, que é a CSPB sem a presença física do nosso saudoso Hélio de Mello. O idealizador da nossa entidade era um homem de princípios, que sempre orgulhou a esta Confederação e marcou história no movimento sindical brasileiro. Uma pessoa com esse escopo, com esse nível de liderança que acabo de descrever, jamais estará ausente da CSPB. Vamos zelar para que o ideário do Hélio de Mello permaneça no comando das ações da nossa entidade”. O enterro de Hélio de Melo está previsto para acontecer nesta quarta-feira (6) às 14h00 no cemitério Gethsêmani, localizado na Praça da Ressureição, nº1, Vila Sônia, São Paulo. A vistitação está aberta à partir da 08h00. Mais informações em breve. SECOM/CSPB |
06 novembro 2013
LUTO: Morre idealizador da CSPB
quarta-feira, novembro 06, 2013
No comments
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário